terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Rei



Um mundo novo me chama a atenção. Um mundo que, desde que me entendo por gente, havia uma luz pequena, cintilante, quase despercebida, que me chamava. Eu, tolo, a ignorava. Era tolo demais para perceber. Afinal, é questão de percepção e atenção. Eu não mudei tanto em si. A percepção mudou, não eu. Hoje a atenção anda mais atenta, funcional e até amarrada à lógica do jogo. Pela primeira vez em anos o prazer une-se às regras e as cartas na mão fundem-se em uma escada que culmina no Rei de espadas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009



DESTRUIR TUDO DE NOVO
dead fish


É assim, a vida é movimento
Sentados em certezas, um dia tudo para
Sóbrios, ricos e frios
Novas regras de subversão
Formatando a verdade e bum... aí está você!

A mentira que te satisfaz
Respostas sempre tão corretas
Isso faz vender
Se enganar é bem mais fácil

O ódio é uma caixa, e o amor também
Simples de usar, difíceis de aprender
Todos sabem tudo, menos se calar
Todos querem ensinar, precisam de atenção

Se permitir viver tudo de novo
Se não estava bem, destruir tudo o que já fez!

Já me basta, este é meu limite!
Não quero ser tão cínico quanto você!

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Panta Rhei
Arthur Secunda

sábado, 26 de setembro de 2009

Panta Rhei


Salve!
o que salta aos olhos é a diferença, o admirável choque ao simples comum, corriqueiro, despercebido
a mudança alimenta a alma, mantém ativo cada fio de vontade, ávido por novidade
em meio a uma selva cinza, idêntica, com um único tom e som, o que destoa é belo
a cópia é mais uma escrava do comodismo, servente do pouco pensar, uma afronta à beleza

Tudo muda o tempo todo
a fumaça que aqui passou, se foi
o som que preencheu meus ouvidos, hoje o sinto diferente
a sensação do primeiro beijo, essa nunca mais vou ter
o medo inseguro de se abrir, já não existe

tudo é fluxo e refluxo, um eterno movimento... tudo é mudança!

em meio à estagnação de uma vitória, de um louro alcançado, de mais uma meta batida... o estusiasmo pela mudança, por algo novo - que acrescenta, continua a mover a máquina humana
o desejo de desvendar outro mistério, de deixar o limite no inexistente
esse busca incessante é a causa de tudo

até o que é predominantemente bom deve mudar, apresentar-se com outra cara, outra forma
mesmo o conteúdo sendo um, inalterável, uma roupagem nova empresta um quê especial ao retrógrado
a reinvenção, a fluência, o fluxo... "só o que está morto não muda"



Harlequin
CrisVector

sábado, 29 de agosto de 2009

Consumir o tempo

Tentando a todo custo dominar a fera que lhe escapa numa série de tempos diferentes. E quando se pensa apanhá-la, ela já não é. Tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento. Embaixo da linha que divide o dia da noite, o fotógrafo perdeu a melhor parte. E o que seria se tivesse escolhido o caminho mais curto? Nenhum instante pode ser preso. Relógios deixaram escapar mais uma vez... e eu não vou prender. Não vou perder de novo a chance de ver o Sol indo embora, se o horizonte agora é quase cinza, mais que quem disse que podemos imaginar, se pudéssemos sentir. Não espere até o momento de aplaudir o ato. Vem! Vem! É esta a mão que anula e despedaça... Nossos pés que dançam sobre escombros. Todos os dias em que não há dança estão perdidos. Todos os dias em que não há dança estão perdidos. Todos os dias em que não há dança até a pele arder, incomodar e nos mover.

CONSUMIR O TEMPO
colligere

domingo, 23 de agosto de 2009

Faces


Na pele surrada, as marcas de uma vida dura
de dias quentes e secos, de noites escuras sem lua
a realidade extremada do jogo, exposta nas rua
uma vida inteira de trabalho a troco de nada, além de dignidade

rostos e faces castigadas pelo suor, enrijecidas pela dor
pela preocupação da aterrorizante chegada do dia seguinte
inevitável
do tempo que não pára, e que sempre cobra
da certeza de nada, além da barriga que ronca


Foto: Sebastião Salgado

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

do Uno para o Verso

















O amor é a força motriz do Universo, através da qual tudo existe.
Amor é o ritmo de cada átomo, o amor é a batida de cada coração. Porque o amor é o grito da alma.
O amor é TodoPoderoso.
Ame mais e terás todo o Poder, criado pelo Amor.
Use a força do Amor e as energias do Universo serão compreendidas.
O amor é o divino em tudo, e sempre que você viva o amor, o divino se manifestará em você e poderá alcançar a outros através de você.
Não existe Lei mais alta que a do Amor. Amor é o Poder que governa o mundo; tudo o que se faz por Ele tem por trás a potência da Lei Universal.
Não confunda sentimentalismo com Amor.
Só o Amor pode dominar o mal.
O amor é a palavra mágica que conduz à liberdade, ao poder e ao conhecimento.
Só o amor dominará os obstáculos em vosso caminho.
Sem o poder do amor, a criação sequer existiria.
Através do Amor veio a existência, e através do amor o Homem será redimido.
Mas o Homem mesmo tem que fazê-lo.

[...]

Prepare-o e faça-o digno: seu amor interior mostrará seu próprio crescimento. Tem Ele que chegar a ser Universal. Não basta ter amor; é necessário dar amor, viver o amor, transformar-se em amor, até que seja identificado em tudo.

Medite sobre o Amor como qualidade primordial, através da qual poderá ser útil e te conduzirá até o interior da Nossa Logia.

É você mesmo o Caminho, se você viver o (no) Amor.

[...]

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Trecho de Despertem, filhos da Luz!

ideal

"Nossa verdadeira obrigação é sempre encontrada indo em direção dos nossos mais dignos desejos."

-- Randolph S. Bourne

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Certezas absolutas

[...]

Tenho repetido, incansavelmente, em palestras, a minha rebeldia contra a presunção das "certezas absolutas".

Essa mania recorrente, em todas as áreas do pensamento, de cagarem-se regras a torto e a direito sobre qualquer assunto, sejam contra, sejam a favor, do que quer que seja. Por que, meu Deus, as pessoas têm tanto medo de não saber das coisas, de não ter certeza de nada, de carregar dúvidas gloriosas?

Por que precisam, a cada passo que pretendem dar, da bengala das regras, dos postulados, das convicções, tantas vezes pateticamente irracionais?

[...] nada aqui é definitivo e, muito menos, perfeito; portanto, não encham o saco com suas ortodoxiais medievais!



Stalimir Vieira

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cor - à - ação


O coração tem seus mistérios, além de veias e vasos
Apressado, agitado, alimenta o corpo, oxigena a vida
Lento, suaviza a carne, relaxa a calma

É centro de energia, irradiador - também de dor, mas principalmente de amor
Sensível, se bem treinado, capta tudo, até o mais fino amor... quem dirá o puro amor?

Sentí-lo é me reencontrar, centralizar e amar, originalmente
Acreditar no sentimento que dele é liberado, sentenciado, transformado...
O que é difícil de explicar, matéria dura, em sentimento é transmutado, elevado, melhorado

É como não ver, mas saber
De olhos fechados, o coração guia, ilumina e não te engana
O portal da (minha) vida é leve como uma flor e quente como uma chama

Pra ser rei de si, é necessário ser rei de seu coração.



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Los siameses de corazón
Acrílico sobre tela
140 cm x 11m cm

terça-feira, 7 de julho de 2009

Não titubear

Ainda bem que sempre tem alguém mais inteligente pra dizer o que não consigo expressar.




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Abalar o que é claro...
Pôr em dúvida o que você diz ser certo
Bater de frente, não titubear!
Tudo que em choque faz mover o ar

Desprezar mais um sinal?
Desafiar toda a moral!

De outra forma dança a multidão, num ritmo que os faz morrer
Aprendendo a sonhar igual, esqueceram de viver

Custa caro ser assim
Fiel companhia, a solidão
E toda dor valerá!


Se fará valer.

quinta-feira, 25 de junho de 2009


Temos que tornar real os nossos sonhos!!! (8)

Sobre vida, amor e vitória



A beleza da existência é a essência da Criação.

Para olhos bem treinados, perceber a extasiante e quase inacreditável grandeza da Alegria é inevitável. Lapsos momentâneos de Amor Universal deveriam surgir a cada momento, para me dar mais subsídios de firmeza e coragem. Me pergunto: como consigo? O combustível chamado amor é infinito, inesgotável, causa de todo meu esforço Verdadeiro. Sentir o ar entrando pelo corpo, envolvendo-o, abraçando-o, dando-lhe vida, sendo a própria Vida, é uma alegria imensa. Colocar-se no centro da existência, além do bem e do mal, faz compreender que tudo, na verdade, é belo e inquestionavelmente superior à qualquer lógica. Apenas É. É à sua beleza. Reclamar é tolice. Mais além, é burrice!

Abrir o peito. Descer do pedestal. Desativar couraças e escudos. O Amor Superior assusta, exige doação e dedicação plenas, faz brotar em solo fértil um pouco mais de compreensão para com si e para com os outros.

Fazer do Amor a razão de tudo que se pensa e se faz. Encontrar no Amor a Alegria de simplesmente estar vivo e agradecer por tudo que se tem. E pelo que não se tem também.

sábado, 13 de junho de 2009

Um passo além do limite



Quem quer ir além, tem que ter coragem. É premissa básica. Base de qualquer louro realmente merecido. Ir até o limite é fácil. Muito fácil, na verdade. Mas dar um passo além do limite é arriscar-se em terreno incerto. É deixar o medo de lado e encarar a Realidade de frente, olho no olho. Ver a cara feia e chifruda da dificuldade não é muito agradável. O eu imperfeito não é lá muito belo. Ao contrário, incomoda, te conhece o suficiente pra ir no ponto exato da ferida. É lá que ele aperta, mas só até entender a dor e perceber que, na verdade, ela não é. Junto do passo corajoso que pode mudar toda a história, está o auto-conhecimento... bem ali, colado, inseparável, carne na (da) carne.

É preciso exercitar as pernas, explodir o medo e ter uma pitada de ousadia para ser um Rei. Rei de si. Toda superação tem que estar alicerçada em base firme; porque o limite, aquele limite lá de trás, não é mais limite. É passado. O limite é interessante: não é fixo, não é fácil e sempre anda à frente - como a nossa própria sombra com o Sol à nossas costas - rumo ao infinito, até se tornar o próprio infinito. O limite é o infinito.

A recompensa... ah, a recompensa! É ela a musa inspiradora, a razão justa de todo sofrimento válido. É necessário quebrar um elo exato, que desmancha toda a corrente. Ir além do óbvio. Destruir o comum e erguer tudo de novo, agora de maneira nova.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ordem é progresso


Um milhão de possibilidades sempre me remetem a nada completo. Quem quer tudo ao mesmo tempo, invariavelmente não consegue nada. Foco. O "pra quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve" faz mais sentido do que jamais fez. É tempo de nortear, estabelecer rumos e diretrizes, se preparar para a guerra com armamento pesado, porque ninguém aqui tá mais pra brincadeira. A vida tem sua dose de seriedade. É uma brincadeira, sim, mas é, mais, uma brincadeira levada a sério, como diria Science. Não quero, amanhã, olhar pra trás e ver o Tempo Perdido. É agora, é já! Aquela faxina na casa tava demorando. "Quem sabe, faz a hora... não espera acontecer."

Aquela porção de disciplina que nunca me foi muito necessária, hoje faz falta. Alcançar os objetivos sem muita luta diminui a facilidade para chegar a outras metas mais altas. Comodismo. Ah, "eu construo o hábito e depois o hábito me pega"!!

A tag é: ORDEM


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ALTERNATIVA
a-ok


Se eu posso ser uma pessoa melhor, para que ser o que sou?
Eu construo o hábito e depois o hábito me pega...
Distorções, ambiente, necessidade, a crença e a verdade,
Controle?

Me pegaram de surpresa
Algumas vezes me saí bem, outras improvisei

Como sou...
Como pôde mudar o que sou?
Como pôde mudar...intervenções em mim mesmo
Contra tudo que sonhei, contra tudo que pedi...
Não tenho a quem pedir

Eu tenho a mais potente ferramenta do Universo: a minha imaginação
E é pra lá que eu vou voando...
Sexo, sincronismo, objetivo, poder e poder.
Eu tenho o controle?

Existe o que você acredita que é, e existe o que você é de verdade

Não tenho a quem pedir... eu sonho acordado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ah, o amor [parte 2]

O mesmo Amor que alimenta o corpo cansado, lava a alma e faz crescer o querer. Aponta o norte exato no horizonte distante. O amor deixa o espírito nu, revelando o valor da criatura perante o Criador. A fé no que não se vê é condicionada ao amor no que se crê. Sem Ele, a vida não teria o mínimo sentido. É também ele que me coloca acima de um simples animal emotivo, e racional, às vezes. Sentimento e Consciência em harmonia cósmica. Deixar fluir o amor é condição para ser mais feliz. E se Ele é infinito, minha felicidade também poderia ser ad infinitum!?

Samadhi, nirvana... extâse. Um agora eterno que destrói os sentidos físicos. É meta-física. É transcendência. Acesso a outros mundos. O Amor desce por um fio fino, branco, de Luz... atravessa a matéria e instala-se, sereno, em meu peito. De lá, conforta todo meu ser. Traz calor, é mãe e amante ao mesmo tempo. Afaga. Esquenta. Cuida. Entorpece. Com carinho me faz ver a beleza de viver em sua plenitude. Os dias sem sentido sequer estiveram ali, no calendário. Não me lembro disso. Algo totalmente novo, como um planeta inabitado. Uma caixa esquecida no fundo da gaveta. Plano reformulado, onde a vida tem mais sentido, onde os beijos são doces e os sorrisos, sinceros. Com os pés no presente, quase posso adivinhar o futuro.

Grato, meu Deus.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ah, o Amor.



Sabe aquele momento exato de lucidez em que você é capaz de ver o futuro? Aquele instante que dura menos de 1 segundo, e que tem a energia de uma vida inteira? A sensação, marcante, que uma bomba atômica não é capaz de causar. Não há no mundo energia maior do que o Amor. Ele limpa, recria, ordena, revoluciona... é causa da vida e motivo de toda a existência. Sem Ele, nada digno há. No amor e pelo amor a vida revela-se plena, como verdadeiramente é. Falo também do Amor da Existência. A fonte que alimenta a Natureza, todos os seres e árvores... e que também habita o centro do coração humano. O combustível dos amantes. A certeza do obediente. O ponto central do idealista. O Fiel justo, exato, milimétrico. Causa de guerras e suplícios, criador de livros, tratados, filmes, prosas e poesias. O ferro em brasa que marca e torna refém seu fiel depositário.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sobe

A cidade tem placas pra todos os lados. Um caos fora de controle. Gente a cada esquina apontado sem sentido qualquer direção. Apesar de tudo, mesmo às vezes pensando estar na contra-mão, busco sempre a direita. Na outra esquina, percebo: o fluxo anda na contra-mão. Derrepente, uma ladeira. Encaro. Quanto mais subo, mais a física exige do motor. A velha lógica: primeiro, o esforço; depois, a recompensa. Por um momento, o solo nivela-se e consigo olhar, agora um pouco mais de cima, o caos em que encontra-se a cidade lá em baixo. De cima tudo parece mais claro e nítido. De fora da confusão, o nevoeiro social não é mais do que vaidade à mostra. A vaidade sempre foi mesmo o maior dos defeitos. Sutil. Extremamente sutil, agarra-se aos pés dos menos atentos. Seja como consumo, seja como "amor ao próximo". À beira de mais uma ladeira, ganho companhia. Agradeço, abasteço e engato novamente a primeira.

sexta-feira, 22 de maio de 2009





"[...]Deixando livre a mente intelectual, racional, entramos em contato com uma energia mais profunda, mais fina, que vivenciamos diretamente."

GESTOS DE EQUILÍBRIO
Tarthang Tulku




O que chega à minha intuição é algo que transcende estes níveis terrestres de raciocínio lógico. Justamente por estar além do horizonte que as letras conseguem alcançar, expressar em palavras me parece limitado, muito aquém do que É, de fato. A mente racional consegue apenas entender perfeitamente o desencadear dos fatos dentro de uma razão cronológica, e só.

Bem além disso, digo que ela me conquistou. Ela conseguiu furar o paredão do castelo. Não me pergunte, não sei como foi. Quando me dei conta, já era tarde... o exército de uma mulher só estava no coração do reinado e todas as defesas racionais viraram pó diante daquele sentimento muito mais alto e (quase) puro. Agora, "cada novo 'oi' é mais bacana". Água regando as flores novas que brotam em solo fértil. A cada encontro de olhares, um sorriso sincero. O reflexo dela no espelho poderia ser o meu também. Se ela é uma exclamação, eu sou uma interrogação. Se ela tá mais pra queimar, eu tô mais pra apagar. Dois e Um ao mesmo tempo. Mesmo tão diferentes, iguais. O EquilíbriUm Natural é mesmo feito de opostos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Novo Horizonte

O horizonte se abre com um milhão de novas possibilidades. Percebo que o Tempo realmente é o maior dos Mestres. Sabe a hora exata de dar tudo aquilo que a gente precisa. Nem antes, nem depois. No tempo exatamente certo. Hoje um sentimento de paz e amor cresce aqui dentro, quase inexplicável. É Tempo iluminação!


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A PONTE
lenine


Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte

A ponte não é de concreto, não é de ferro, não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar, a ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento

A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar com a mão da maré

sábado, 9 de maio de 2009

o ideal

A paisagem tem lá seus desvios a cada esquina. Quem esquece a porta entreaberta corre sério risco de ser atropelado por um ônibus às 3 da tarde na sala de casa. Aferrar-se a ideais nada palpáveis é árduo. Ter fé em algo que não se vê não é tão fácil quanto criticar o Estado. Quando se vai além do óbvio, o terreno é desconhecido e é coerente diminuir o passo. Quero correr! Lembro da chave. Paciência. A premissa é básica: dar um passo por vez ou se preparar para a queda.

No sentimento, a prática que a teoria nega. Bem além da mais moderna ciência há algo inexplicável. Algo incompreensível em sua plenitude. Eles dizem que não, mas eu sei que sim. O caminho desta nossa ciência é a saída de São Paulo em dia de feriadão - engarrafado.

Como posso ultrapassar a certeza e chegar na consciência? Estar ciente. Não falo da mesma ciência do parágrafo anterior. Falo de Intuição. Ciência sem raciocínio. Pista livre. Aquele "eureka!" que te pega desprevenido na banheira quando você menos espera.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

é madrugada

São quase 5 da manhã. A carne está cansada apenas pela falta de sono. O aspecto animal reclama. Mas o espírito continua desperto e ávido. Em 2 segundos, repenso todo o passado e imagino todo o futuro. Não sei se é a idade que caminha cada vez mais apressada, mas a maturidade ensina a pensar cada ato. O desejo de segurança é confortável, coerente. A estabilidade ganha mais pontos e o incerto está em xeque. Recorrer ao Tempo é, quase sempre, uma escolha sábia.

A geografia é nula quando a necessidade é grande. Pode ser em praia ou montanha. Pode ser com arte ou com business, mas a neblina começa a dissipar-se e o que realmente anseio, a aparecer. Enquanto planejo, o tempo corre. Tá na hora!

O Sol brilha no horizonte anunciando o fim de mais uma noite.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mulher

No mês das mulheres, um reconhecimento.

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Foi difícil entender, impossível de acreditar
Uma vida devotada, embasada em sobreviver

Mais que qualquer ideal, sobressai o teu amor
Não há ruas, partidos e regras para te deter
Mais que uma instituição feita para deformar
Liberdade e emoção me permitiram sonhar.

Tu és a vida real, e sempre esteve de pé
E nunca reclamou da batalha que é criar.
Sociedade e discriminação, de cabeça erguida a enfrentar
Nenhum patriarcado ou família te fizeram calar

Não há nada a provar, eu já posso entender
O que pode ser mais rebelde depois de você?

Forte, viva e a sorrir
Sua vitória deve insultar a todos que preferem te ver a chorar.
Acredite, aprendi demais com seu silêncio constrangedor.

LIBERDADE É MUITO MAIS QUE PALAVRAS A DIZER!

Gostaria de agradecer, espero um dia retribuir
Coração do meu céu, por favor, seja feliz!

Agora vem a tua vez!
Usufrua do teu amor,
Sua prole sobreviveu e só resta agradecer...

São Marias, HeloÍsas, Severinas, Bernadetes, Rosas, Marisas, Izauras, Valescas, Elianas e Martas.
Mulheres fortes que sobreviveram!



TANGO
dead fish

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dentro, não fora

Daqui de dentro posso ouvir a aurora de paz que pareceu tão longe e hoje apresenta-se, soberana, mais perto do jamais imaginei
Aqui dentro encontro meus alívios e antídotos para os mares vindouros
Introspectivo, me aqueço daquele clima frio que castiga e adormece a carne
Me cubro com o mais poderoso dos abrigos
Meu sangue aumenta de temperatura e isso faz muito bem ao corpo
A temperatura mais alta faz o coração pulsar sereno, suave, harmonioso

Mente e coração reatam. Unen-se e resultam em consciência.
Tempos de paz parecem firmar-se inquestionáveis
O sorriso me toma os lábios, involuntário
O brilho nos olhos reaparece
Não há quebra-de-braço. Há unidade de comando.
Dircusos e conceitos filosóficos não fazem mais tanto sentido assim

Dentro, ganho o acesso por portas secretas e escadas suaves, a ritmo próprio
Toda aquela antiga insegurança se torna paz
Começo a compreender o que é estar dentro da Verdade
Não há culpa. Não há tristezas. Não há preocupações.
Há serenidade. Há vontade de ser mais. Há uma fonte inesgotável de tudo que se pode desejar de mais Real.

Os valores perdem as máscaras e têm seu peso justo na Balança
O que era importante já não parece ser tão importante assim
O material torna-se irrisório
Pouco já satisfaz

O Rei volta a seu posto.

domingo, 3 de maio de 2009

"A batalha é grande e, no fim, é só você contra você mesmo."


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Para onde posso ir sem me carregar?
Não há outro 'eu' em outro lugar.
Então encaro o desafio de transformar aquilo que me forma.

VELOZ, VELOZ, VELOZ.

Mas atrás da janela é sempre a minha visão cortando outro lugar.
Sempre a minha idéia, sentindo e gravando. Lá fora, outra imagem.

Rápido como as árvores se tornam manchas, a ação mistura o real e o inventado.
Já falei sobre isso antes. Sobre pés e rodas marcando caminhos e o sabor da morte em meus sentidos.
Devo ir... sugando cada instante.

E o que nós vamos guardar destes dias?
Os flyers e as fotos? As cartas? Os mortos que não deixamos enterrar?
Os velhos lugares têm novas pessoas. Quanto tempo vão durar?
Mudar o mundo será apenas mudar o mundo de lugar?
Se o conteúdo se refaz, é preciso quebrar ou mudar a embalagem.



PARTE DOIS
colligere

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Paciente

Tá na hora da crítica.



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Deixei todos os vícios que me deixavam só, menos a busca da solidão.
Não é o sabor dessa bebida mais amargo que a verdade do outro dia.
É tudo sobre evitar a dor, mais do que encontrar formas de não partir.

Me dê um copo e divida a vida comigo, e o fim sempre vai ficar pra depois.
Me dê a mão, aperte e encontre uma veia, uma velha passagem.
Esta é a fé do nosso tempo. Sintomático.
Eu confio no que tira a dor!
Dentro ou fora buscando remédios que vão parar a dor.
Todos iguais na espera...

E o pior sempre será menos que o insuportável.
Mais água, mais um comprimido.
Já não posso com a dor, então não me faço de forte!

É a riqueza que não circula.
É a família que não se conhece.
É o trabalho que não realiza.
É o amor que você não merece.
Todos têm uma fuga diferente neste jogo sujo.



PACIENTE
colligere

sábado, 25 de abril de 2009

Viver


A vontade é essa.


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Deve existir uma nova forma de ver.
De olhos fechados, poder entender
Se todos os livros que eu puder ler não lembrarem nada, e eu não conseguir viver!?
Viver! Viver e ter, e ver, e crer!!
Se posso aprender, também posso ensinar
Aberto ao novo e nunca cristalizar
Gritar, chorar, doer, pensar em mim. Viver o total!!!!

Se dou um passo à frente, já estou em outro lugar.
Não preciso de suas muletas, pois os pés eu vou usar.
É ter autonomia pra guiar!
Olhar pra qualquer lado e ter o direito de me esborrachar...


VIVER
dead fish

terça-feira, 21 de abril de 2009

Gangorra

Uma gangorra de só uma pessoa, desequilíbrio óbvio.
Não dá pra subir. Permaneço no chão.
Falta o outro lado, o oposto, a outra face da moeda... o complemento.
Falta. Falta. Falta.
O rio seco. O canal vazio. Um barco encalhado num mar de sal.
Amarga a boca.

O contrasenso, o contraponto.
Um ponto presente e a esperança de um ponto e vírgula.
Quase um desespero.
Espero. Sereno. Silencio.
Confunde-se silêncio com aceitação.
Lembro da filosofia. Me aferro ao conhecimento.
Uso-o como escudo e espada. Me protejo. Penso em mim.

Toda filosofia ainda parece não ter acesso à sala de máquinas
Prática racional falha. Teoria bela. Humana contradição.
O coração ainda palpita. Sei que palpita.
Quase mudo, resiste. À contra gosto, persiste.
Desculpas o colocam sob um nevoeiro, perto do ponto cego.

À beira do precipício, um empurrão inoportuno, inocente, não-intencional. Mas um empurrão.
A queda cobra seu preço.

"Eu me estilhaço em cacos e o corpo se refaz a cada instante, nesses dias em que tudo parece estar impregnado de seu contrário. Pensar incomoda como andar na chuva: quando o vento cresce, parece que chove mais."

Toda contenção mostra-se limitada.
Não acredito. Ainda não acredito.
Preciso de certezas.
Delego o volante.

domingo, 19 de abril de 2009

Certezas que viraram pó

O mesmo céu, a mesma cor... quanto tempo passou?
Não há mais o que provar, recomeçar em outro lugar
Que relevância pode existir em lamentar agora o que não fez?
Se arrepender por cometer os mesmos erros outra vez?
Sem algo em que acreditar, não posso mais ficar aqui!!! Não posso mais!

Quem vai poder reconhecer certezas que viraram pó?
Abandonar o que conquistou, escolhas que não tem retorno!
Inventar outra verdade e buscar o que nunca imaginou!

O que ficou pra trás não deve te prender
Impossível alcançar, pois não existe mais!
O que você ganhou, o que você perdeu... são mais do que lições!

Não somos mais os mesmos... nem antes, nem depois
Caminhos quase sempre incertos
Imprevisível é viver




EXÍLIO
dead fish

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Quase

Quase um dia, quase agora
Quase eu, quase você
Enquanto o tempo passa, quase poderemos entender

Se este senso de incompletude passar, será que um dia alguma coisa vai mudar?

É você que está doente?
Ou serei eu? 
A busca pela cura quase nos matará...

Quase homem, quase preto
Quase branco, quase Deus
Quase morrer, quase viver
Quase trepar e nunca amar

E quando tudo acabar? Será o fim?
E quando tudo acabou, quase percebemos a existência circular...
Ad infinitum




AD INFINITUM
dead fish

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Tempo urge!

"O animal satisfeito dorme".

Insatisfação travestida de vontade.
O mesmo oxigênio que acelera e alimenta os pulmões, cansa o coração.
Meu coração ingênuo consegue aceitar certos meandros da razão, transpassando a, às vezes imprecisa, sabedoria da emoção.
Enquanto o farol é encoberto por um mar revolto, a luz da consciência se firma clara e mais nítida do que nunca.
A polaridade se prova mais uma vez como absoluta e exata.
O equilíbrio ganha novos significados cada vez mais altos e, num jogo de cintura, acaba encaixado no melhor lugar possível: na base do crescimento.

Navegar tem lá suas turbulências, bem sabemos.
E as turbulências dependem do tamanho do navio. Mais uma vez, a polaridade.
É só escolher o navio certo pro mar certo. Questão de equilíbrio, novamente.

E se espera-se por um destino melhor, toda esperança se torna ação.
JÁ! O Tempo urge!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Te encontrar no silêncio do ar

Luz que ilumina a noite e o viver
Tempera o clima das estações
Lá do alto pude ver você
Me chamando para saltar

Como deve ser bom voar
Livre por aí
Curtindo o que há de bom no ar 
Por aí

Sentir o vento soprando os meus pensamentos para bem longe do chão!
Subir, subir!

Te encontrar no silêncio do ar.

terça-feira, 24 de março de 2009

Estes sapatos não me cabem mais

Estes sapatos não me cabem mais, ainda me lembro quando eram confortáveis / Sua visão me queima os olhos.. e pasmo, vejo, não existe mais retorno! / Parar o tempo, tentar voltar na beleza deixada em algum lugar / Por todo esse limite que me impôs, nem tudo pode ser contemplação / Não tenho mais seu tempo pra perder, não tente me prender!

Que tenha pressa quem quiser me alcançar... eu também tenho! / Novas paisagens que me façam encontrar outro destino / De longe vou te rejeitando, daqui onde estou continuo tão insatisfeito como da última vez

Procurando por algo novo que me traga satisfação.
Eu peguei outro desvio, talvez me afaste mais.




DEAD FISH
o melhor exemplo do que não seguir

sexta-feira, 13 de março de 2009

A curta história do Homem que queria mudar o mundo

Pela janela, ele estava olhando aquele trânsito caótico. Todo dia era a mesma coisa. Centenas, milhares, milhões de carros passavam por sua janela. Buzinas, fechadas, mais buzinas e palavrões ao léu. Ainda tomando um gole de café, voltou a sentir aquela sensação que vinha de dentro do seu espírito, e que parecia se alojar em sua espinha servical , deixando-o pleno – completamente pleno. Ele sabia, tinha que mudar o mundo. Sentia que se havia um porquê dele existir, era para mudar o mundo. Estava convicto, definitivamente. Sempre que via alguém jogando a embalagem do chiclete pela janela do ônibus, não hesitava e ia tirar satisfação com a criatura que havia sido capaz de tamanha bárbarie. Se via uma pessoa cortando uma árvore, à noite não conseguia dormir. Como dizem, sentia dor alheia. Realmente não entendia porque as pessoas não podiam ser iguais a ele. Não melhores, simplesmente iguais. Acreditava que se assim fosse, o mundo estaria salvo. Seu maior defeito era o perfeccionismo, respondia rápido sempre que lhe perguntavam.  Era um crítico perfeito, já que tinha uma queda especial por filosofia. Os dedos mais lhe serviam para apontar defeitos do que para acariciar virtudes. Perdia mais tempo julgando do que fazendo, imaginando do que arriscando. Era inteligente, bonito e parecia sempre auto-confiante. Todas as noites pedia a Deus que as pessoas mudassem; mas esquecia-se de começar a mudança em si mesmo.

quinta-feira, 12 de março de 2009


hehehehe

Duna

Estava confuso quando entrou ao pátio daquele aeroporto. Todos ali pareciam saber muito bem para onde estavam indo ou aonde estavam chegando. Ele não. Não restavam dúvidas, naquele local ele era o único que não sabia ao certo sequer o seu próprio nome. Podia ser um simples João ou um misterioso Don Juan, não fazia diferença. Na verdade, aquilo pouco importava para ele. Haviam coisas mais importantes com que se preocupar, pensava. Naqueles últimos tempos só sentia que algo não estava bem. Não com o mundo, mas com ele próprio. Algo que era só dele e que só ele podia mudar. Algo que ninguém imaginava que ele sentia. Ele foi sempre tão hm... perfeitinho aos olhos externos. Mas, apesar do mundo achar que não, ele sabia que algo não estava certo. Não podia ser assim. Disso ele não tinha dúvida alguma.

Enquanto a tempestade parecia gostar de ficar sobre sua cabeça, ele lembrou que a alguns dias havia andado por dunas e notado como elas são nômades. Aquilo lhe havia chamado a atenção. Percebeu que elas não guiam, mas, ao contrário, são guiadas. Sem lutar, sem resistir, sem entrar na quebra-de-braço com o fato, naquele caso. Apenas se deixando levar pelo vento. É inegável, entendeu que a sensação de perder o controle causa um certo desconforto. Talvez a solução esteja justamente em soltar um pouco as rédeas e apenas se deixar levar. Ele decidiu pagar pra ver.

quarta-feira, 11 de março de 2009

reACENDENDO

Pra começar, pólvora. Vamos testar pra ver se ela pega fogo de verdade ou se ficou muito tempo guardada e acabou umedecendo.
Aquele meu preferido verso "às vezes acho que devo inflamar velhos conceitos" faz mais sentido do que nunca.

Estou começando (pq, na verdade, nunca nem comecei) com o blog. E só.