terça-feira, 26 de maio de 2009

Sobe

A cidade tem placas pra todos os lados. Um caos fora de controle. Gente a cada esquina apontado sem sentido qualquer direção. Apesar de tudo, mesmo às vezes pensando estar na contra-mão, busco sempre a direita. Na outra esquina, percebo: o fluxo anda na contra-mão. Derrepente, uma ladeira. Encaro. Quanto mais subo, mais a física exige do motor. A velha lógica: primeiro, o esforço; depois, a recompensa. Por um momento, o solo nivela-se e consigo olhar, agora um pouco mais de cima, o caos em que encontra-se a cidade lá em baixo. De cima tudo parece mais claro e nítido. De fora da confusão, o nevoeiro social não é mais do que vaidade à mostra. A vaidade sempre foi mesmo o maior dos defeitos. Sutil. Extremamente sutil, agarra-se aos pés dos menos atentos. Seja como consumo, seja como "amor ao próximo". À beira de mais uma ladeira, ganho companhia. Agradeço, abasteço e engato novamente a primeira.

sexta-feira, 22 de maio de 2009





"[...]Deixando livre a mente intelectual, racional, entramos em contato com uma energia mais profunda, mais fina, que vivenciamos diretamente."

GESTOS DE EQUILÍBRIO
Tarthang Tulku




O que chega à minha intuição é algo que transcende estes níveis terrestres de raciocínio lógico. Justamente por estar além do horizonte que as letras conseguem alcançar, expressar em palavras me parece limitado, muito aquém do que É, de fato. A mente racional consegue apenas entender perfeitamente o desencadear dos fatos dentro de uma razão cronológica, e só.

Bem além disso, digo que ela me conquistou. Ela conseguiu furar o paredão do castelo. Não me pergunte, não sei como foi. Quando me dei conta, já era tarde... o exército de uma mulher só estava no coração do reinado e todas as defesas racionais viraram pó diante daquele sentimento muito mais alto e (quase) puro. Agora, "cada novo 'oi' é mais bacana". Água regando as flores novas que brotam em solo fértil. A cada encontro de olhares, um sorriso sincero. O reflexo dela no espelho poderia ser o meu também. Se ela é uma exclamação, eu sou uma interrogação. Se ela tá mais pra queimar, eu tô mais pra apagar. Dois e Um ao mesmo tempo. Mesmo tão diferentes, iguais. O EquilíbriUm Natural é mesmo feito de opostos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Novo Horizonte

O horizonte se abre com um milhão de novas possibilidades. Percebo que o Tempo realmente é o maior dos Mestres. Sabe a hora exata de dar tudo aquilo que a gente precisa. Nem antes, nem depois. No tempo exatamente certo. Hoje um sentimento de paz e amor cresce aqui dentro, quase inexplicável. É Tempo iluminação!


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A PONTE
lenine


Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte

A ponte não é de concreto, não é de ferro, não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar, a ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento

A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar com a mão da maré

sábado, 9 de maio de 2009

o ideal

A paisagem tem lá seus desvios a cada esquina. Quem esquece a porta entreaberta corre sério risco de ser atropelado por um ônibus às 3 da tarde na sala de casa. Aferrar-se a ideais nada palpáveis é árduo. Ter fé em algo que não se vê não é tão fácil quanto criticar o Estado. Quando se vai além do óbvio, o terreno é desconhecido e é coerente diminuir o passo. Quero correr! Lembro da chave. Paciência. A premissa é básica: dar um passo por vez ou se preparar para a queda.

No sentimento, a prática que a teoria nega. Bem além da mais moderna ciência há algo inexplicável. Algo incompreensível em sua plenitude. Eles dizem que não, mas eu sei que sim. O caminho desta nossa ciência é a saída de São Paulo em dia de feriadão - engarrafado.

Como posso ultrapassar a certeza e chegar na consciência? Estar ciente. Não falo da mesma ciência do parágrafo anterior. Falo de Intuição. Ciência sem raciocínio. Pista livre. Aquele "eureka!" que te pega desprevenido na banheira quando você menos espera.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

é madrugada

São quase 5 da manhã. A carne está cansada apenas pela falta de sono. O aspecto animal reclama. Mas o espírito continua desperto e ávido. Em 2 segundos, repenso todo o passado e imagino todo o futuro. Não sei se é a idade que caminha cada vez mais apressada, mas a maturidade ensina a pensar cada ato. O desejo de segurança é confortável, coerente. A estabilidade ganha mais pontos e o incerto está em xeque. Recorrer ao Tempo é, quase sempre, uma escolha sábia.

A geografia é nula quando a necessidade é grande. Pode ser em praia ou montanha. Pode ser com arte ou com business, mas a neblina começa a dissipar-se e o que realmente anseio, a aparecer. Enquanto planejo, o tempo corre. Tá na hora!

O Sol brilha no horizonte anunciando o fim de mais uma noite.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mulher

No mês das mulheres, um reconhecimento.

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Foi difícil entender, impossível de acreditar
Uma vida devotada, embasada em sobreviver

Mais que qualquer ideal, sobressai o teu amor
Não há ruas, partidos e regras para te deter
Mais que uma instituição feita para deformar
Liberdade e emoção me permitiram sonhar.

Tu és a vida real, e sempre esteve de pé
E nunca reclamou da batalha que é criar.
Sociedade e discriminação, de cabeça erguida a enfrentar
Nenhum patriarcado ou família te fizeram calar

Não há nada a provar, eu já posso entender
O que pode ser mais rebelde depois de você?

Forte, viva e a sorrir
Sua vitória deve insultar a todos que preferem te ver a chorar.
Acredite, aprendi demais com seu silêncio constrangedor.

LIBERDADE É MUITO MAIS QUE PALAVRAS A DIZER!

Gostaria de agradecer, espero um dia retribuir
Coração do meu céu, por favor, seja feliz!

Agora vem a tua vez!
Usufrua do teu amor,
Sua prole sobreviveu e só resta agradecer...

São Marias, HeloÍsas, Severinas, Bernadetes, Rosas, Marisas, Izauras, Valescas, Elianas e Martas.
Mulheres fortes que sobreviveram!



TANGO
dead fish

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dentro, não fora

Daqui de dentro posso ouvir a aurora de paz que pareceu tão longe e hoje apresenta-se, soberana, mais perto do jamais imaginei
Aqui dentro encontro meus alívios e antídotos para os mares vindouros
Introspectivo, me aqueço daquele clima frio que castiga e adormece a carne
Me cubro com o mais poderoso dos abrigos
Meu sangue aumenta de temperatura e isso faz muito bem ao corpo
A temperatura mais alta faz o coração pulsar sereno, suave, harmonioso

Mente e coração reatam. Unen-se e resultam em consciência.
Tempos de paz parecem firmar-se inquestionáveis
O sorriso me toma os lábios, involuntário
O brilho nos olhos reaparece
Não há quebra-de-braço. Há unidade de comando.
Dircusos e conceitos filosóficos não fazem mais tanto sentido assim

Dentro, ganho o acesso por portas secretas e escadas suaves, a ritmo próprio
Toda aquela antiga insegurança se torna paz
Começo a compreender o que é estar dentro da Verdade
Não há culpa. Não há tristezas. Não há preocupações.
Há serenidade. Há vontade de ser mais. Há uma fonte inesgotável de tudo que se pode desejar de mais Real.

Os valores perdem as máscaras e têm seu peso justo na Balança
O que era importante já não parece ser tão importante assim
O material torna-se irrisório
Pouco já satisfaz

O Rei volta a seu posto.

domingo, 3 de maio de 2009

"A batalha é grande e, no fim, é só você contra você mesmo."


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Para onde posso ir sem me carregar?
Não há outro 'eu' em outro lugar.
Então encaro o desafio de transformar aquilo que me forma.

VELOZ, VELOZ, VELOZ.

Mas atrás da janela é sempre a minha visão cortando outro lugar.
Sempre a minha idéia, sentindo e gravando. Lá fora, outra imagem.

Rápido como as árvores se tornam manchas, a ação mistura o real e o inventado.
Já falei sobre isso antes. Sobre pés e rodas marcando caminhos e o sabor da morte em meus sentidos.
Devo ir... sugando cada instante.

E o que nós vamos guardar destes dias?
Os flyers e as fotos? As cartas? Os mortos que não deixamos enterrar?
Os velhos lugares têm novas pessoas. Quanto tempo vão durar?
Mudar o mundo será apenas mudar o mundo de lugar?
Se o conteúdo se refaz, é preciso quebrar ou mudar a embalagem.



PARTE DOIS
colligere