sábado, 27 de março de 2010

Marcas


Dois estranhos corpos, unidos pelas marcas e outras tantas todas forçadas similaridades, nada mais / Desculpas arranjadas para vã distração / Frágil distração / Tola distração / Com o veículo carregado de tantas marcas, daquilo que fomos e daquilo que somos, quase não mostramos o que temos escondido, limpo, por dentro, realmente / Somos belos por fora, mas incrivelmente marcados por dentro / Nossas marcas, ponto-comum entre todos nós, são pegadas de nós mesmos / Caminhos cruzados em nosso íntimo / Nos ardem e nos dão Amor, ao mesmo tempo / Amor em compreensão de que todos, todos nós, estamos ferrados igual bois com marcas de fogo na carne, e no espírito / Marcas que nos emprestam "experientes" parâmetros de escolhas e, depois, raízes de lastro para a vida / O preço é muito alto para não aprender que queima / As marcas, elas valem / Mas só o valem quando a gente aprende.



"Sem minha máscara, vou sorrir / Marcas de uma educação / Ranços de uma herança que se vão / o poder de observar / Um verbo que eu devo calar / Me ensina a tirar essas marcas e encontrar o meu verdadeiro Eu / e agora, Amor, vou poder ser feliz / esqueci meu nome / seremos Eu de verdade / esqueci meu nome / E aprenderemos dirariamente a desaprender e a viver como realmente somos / Me ensina a tirar essas marcas e encontrar o meu verdadeiro Eu. / Me ensina!"

ME ENSINA, dead fish



Jason Thielke, Echoes in my head

segunda-feira, 22 de março de 2010

bem-vindo ao limite.



"A água obedece ao muro que a represa. Mas além de um certo limite, é o muro quem obedece à água. Ela rompe a represa e se esvai. Assim também deve ser o Mestre: moldar-se, mas no momento certo deve tomar para si o domínio e seguir o seu próprio rumo. Mas precisa saber o exato momento de parar, e o de agir.

O Mestre deve persistir, mas não além de determinados limites. Ele deve retirar-se, silenciar, e procurar ouvidos que possam ouvi-lo, e compreensões que possam entendê-lo; plantar em terra fértil e não sobre cascalhos."

Jesus disse aos discípulos:
- Vai e pregai o Evangelho por todos os lugares.
- Senhor, e se não quiserem nos ouvir?
- Insiste, volta a ensinar.
- E se mesmo assim eles não nos quiserem escutar?
- Então retira-te daquela cidade e vais a outras cidades.


O ponto de equilíbrio - José Laércio do Egito

sábado, 20 de março de 2010

EquilibriUM




O céu e a terra são imperecíveis
Se são imperecíveis é porque não dão vida a si mesmos.
E assim sendo, têm longa duração.
Por isso o sábio coloca-se em último lugar
e chega na frente de todos.
Quando esquece suas finalidades egoístas
Conquista a perfeição que nunca buscou
...
Tao Te King



"Extremos devem ser evitados. Siga o Caminho do meio", diz em letras garrafais o aviso no início - bem no início, do Sendero. O equilíbrio é uma chave de purificação, condição de anulação de qualquer extremo - causalidade. Pelo equilíbrio aniquilam-se defeitos e qualidades, vantagens e desvantagens, bem ou mal, qualquer energia que vibre. O Equilibrio-Perfeito é o Nada. Água e Fogo, em condições de exato equilíbrio, voltam a constituir o Nada. A água desaparece; o fogo deixa de arder. Um embate entre Bem e mal, em perfeito equilíbrio de forças, faz voltarem a constituir sua própria Origem. É o ponto de anulação da criação. A porta do Infinito.

O desequilíbrio, contudo, faz a manifestação acontecer. Faz nossa a mente perceber por paralelos, parâmetros, análises... diferenças, declínios. Somente com a extinção desta polaridade é que se chega ao Equilíbrio Verdadeiro. O ponto mais alto do Nada.

O equilíbrio dos opostos é o ponto exato de união entre dissonâncias, coisas aparentemente muito diferentes. O ponto do meio é elo de tudo.

O 1 é o ponto central do Universo.



“Todas as flores do futuro
estão nas sementes de hoje."
Provérbio Chinês

sexta-feira, 12 de março de 2010


Quem me vê parado, distante garante que eu não sei sambar
Eu tô vendo, sabendo, sentindo, escutando e não devo falar

Eu vejo as pernas de louça das moças bonitas que passam e não quero pegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou desmanchar
E quem me vê brigando com a vida duvida que eu vá ganhar

Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem me dera gritar

Tô esperando até esse temporal passar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

... só o brilho calmo dessa Luz!




Aqui ninguém mais ficará, depois do Sol
No final será o que não sei, mas será... tudo demais!

Nem o Bem, nem o mal... só o brilho calmo dessa Luz.

O planeta calma será Terra
O planeta sonho será Terra

E lá no fim daquele mar, a minha estrela vai se apagar, como brilhou
Fogo solto no Caos

Aqui também é bom lugar de se viver
Bom lugar será o que não sei, mas será
Algo a fazer, bem melhor que a canção mais bonita que alguém lembrar

A harmonia será Terra
A dissonância será bela

E lá no fim daquele azul os meus acordes vão terminar
Não haverá outro som pelo ar

O planeta sonho será Terra
A dissonância será bela
E lá no fim daquele mar a minha estrela vai se apagar, como brilhou
Fogo solto no Caos


PLANETA SONHO
flávio venturini

sábado, 6 de março de 2010

em-tu-é-São



"Compreendemos mais por Intuição do que por raciocínio."
Jaime Balmes


Analisando os elementos constitutivos do intelecto vemos ser ele composto basicamente por nove condições: percepção, sensação, atenção, associação, memória, imaginação, conceitos e razão.

Por meio de uma análise sucinta dos elementos do intelecto torna-se evidente que existe uma imensa interdependência entre eles. Por exemplo, a sensação depende da percepção, e essa depende da atenção, e mesmo da imaginação e que, por sua vez, dependem da memória, e assim por diante.

Quando se analisam os elementos integrativos do intelecto chega-se à conclusão da existência de uma imensa interdependência de um elemento sobre o outro, e isso atinge um nível tal que parece até difícil dizer-se que se tratam de coisas separadas. Mas, consideramos válida essa classificação da psicologia mais pelo seu valor teórico e prático do que mesmo por tratar-se de coisas que devan ser consideradas separadas e individualizadas. Tudo aquilo que se fizer presente num desses elementos reflete-se nos demais e a partir disso já se pode tirar uma conclusão: se as percepções são falhas, todos os demais componentes do intelecto também o são, exatamente em decorrência dessa interdependência existente entre eles.

Como se deve proceder para se desvencilhar do emarannhado de complexdidade da imanência? Primeiro a pessoa deve compreender que existem duas coisas que muitos confundem e que são: Intenção e Intuição. Deve aprender a separar as duas condições uma da outra, e assim estabelecer o abismo de diferenças existentes entre elas.

É vital se compreender um tanto o que vem a ser a Intuição, saber que ela veicula registro da Consciência e não da memória. A Consciência é a existência em si, é o plano do Inefável em que tudo está implícito. Desse modo vale aprender a se fazer uso tanto quanto possível dos valores veiculados por ela e dessa forma efetivar uma transmutação da memória, deixando que se amplie o canal da Consciência em detrimento ao canal do pensamento.

Tudo aquilo que a quase totalidade das pessoas considera o existir no mundo real evidentemente faz parte da memória e não da Consciência. Quase todas as condições do existir, conforme são percebidas pelo espírito estão registradas na memória, e assim sendo, a mesma serve de fonte de abastecimento dos pensamentos. Na memória também existem os registros da consciência veiculados pela intuição, e sendo assim vale o bom discenimento para separar uma coisa da outra.

Pelo discernimento processa-se a transmutação pessoal, pois na medida em que os dados intuitivos vêm se ampliando, os dados do mundo diáletico, deste plano, vão se esvaindo, e isso é o que consiste o "clarear da consciência".


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Trechos de A Mente, de José Laércio do Egito.