quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O propósito não passa de servo da memória

Qualquer forma de apetite mais intenso é um prato cheio para o banquete do auto-engano. A privação, seja ela real ou imaginária, costuma acender um desejo veemente e ofuscante por aquilo de que carecemos. Idealizar o que nos falta é uma propensão quase que inerente à natureza humana. A mais doce canção de liberdade vem do cárcere. O exílio engrandece a pátria. Os pobres não riem da riqueza dos ricos. "Para aqueles que suam pelo pão diário", observou Keynes muito antes da instituição do seguro-desemprego europeu, "o ócio é um prêmio ardentemente desejado — até que eles o conquistem".

A voracidade e o foco dos apetites humanos admitem extraordinária diversidade. O que leva uma pessoa a fazer loucuras pode deixar a outra indiferente. Ultrapassado o patamar das premências biológicas mais elementares, as demandas da nossa imaginação não conhecem fronteiras. Existem dois poderosos núcleos de interesse, entretanto, para os quais converge uma parte expressiva das ações e expectativas humanas: o apetite por sexo e amor na vida privada e o apetite por poder, riqueza e proeminência na vida pública. Ao redor desses dois vetores gravitam vigorosas e obstinadas paixões. [...]

Os antigos não se enganavam ao representar Cupido — a divindade alada dos laços e enlaces amorosos — como um flecheiro de ótima pontaria mas olhos vendados. O amor é cego. Os amantes apaixonados que ousam se amar sem reservas tendem a ficar cegos de amor. Vivem aqui como se estivessem lá, com uma percepção reduzida da realidade e de si mesmos, possuídos pelo momento sublime e inexprimível que estão vivendo. É como se estivessem fora de si — embriagados por poções wagnerianas, hipnotizados pelo fascínio de Circe ou enfeitiçados por encantamentos como o que, segundo a lenda, enlouqueceu Lucrécio. Os apaixonados perdem o sono, dançam na chuva e ouvem estrelas. Tudo o que ressalta é com eles ou quer vê-los chorar, loucos um pelo outro. Unidos na manhã radiante do amor-paixão vitorioso, nada de mau os alcança — exceto os seus próprios enganos. 

A paixão entre os sexos, quando ela explode, é o nada que é tudo. Os amantes parecem movidos por um impulso secreto que os faz genuinamente idealizar um ao outro e encontrar tanta beleza quanto é possível — e impossível — um no outro. Quando a cobra pica e o sangue ferve, a avalanche das emoções desgovernadas arrasta consigo tudo o que estiver no caminho. Os amantes suplicam, imploram, juram amor eterno. Declamam em prosa e verso a sua confiança incondicional um no outro. A certeza íntima de que nunca amarão assim novamente é arrebatadora. O escape da partícula alucinada do tesão adquire a urgência de uma tempestade tropical e dionisíaca. Baco festeja, Vênus se despe. A carícia é bênção, o beijo é reza e a cópula é comunhão. O que está escrito seria pecado negar — era o que tinha de ser. Há momentos que redimem o existir. 

O único problema, é claro, é que o êxtase (grego ékstasis-. "fora de si") dos amantes não dura para sempre. O amor-paixão é amor mortal — eterno enquanto dura, infinito enquanto brilha. Na manhã seguinte de algumas semanas ou meses de sexo ardente, o sol da certeza já não brilha e as sombras da dúvida começam a se adensar. A tirania libertadora oprime, a esperança desafogada sufoca e a beleza luminosa embaça. A ilusão disparada na largada, ao tomar fôlego, descobre-se esgotada. Aos amantes só resta o caminho amargo da desilusão cicatrizante e da volta à mesmice machucada de si. A memória do milagre, contudo, não se rende. O escape da partícula alucinada na mente pode ser fogo-fátuo, mas a radiação que emite enseja espantosas mutações. 

Nem sempre o coração que temos é o coração que imaginamos ter. Nossas motivações prosaicas e veementes — como, por exemplo, o desejo sexual intenso por alguém — são hábeis na arte de se fazer passar, antes de mais nada e para nós mesmos, por sentimentos nobres e propósitos elevados.

O prometer apaixonado engana mas não mente. A melhor maneira de enganar o outro consiste em estar auto-enganado. O amante M e seu amor W formam um par perfeito — o  inverso simétrico do outro  o apelo da paixão é mais forte que eles. Ambos acreditam sinceramente um no outro e em si mesmos. 

Oferta e procura. O enganar de M é convincente porque ele, auto-enganado, engana sem precisar enganar: ele diz a verdade e "a verdade é seu dom de iludir" (Caetano Veloso). W, justiça seja feita, até que esboça alguma dúvida — "Sim, mas depois? O que será de nós dois?" (voz feminina no "Tabuleiro da baiana", de Ari Barroso). A vontade de acreditar, contudo, é mais forte que o medo.

Mas e se M e W pudessem, desde o início, ver o fim: como veriam o princípio? Onde a verdade, onde a mentira: no amor que principia ou no que se desfaz? No acender violento ou no apagar da velha chama? A paixão desde o início não é a paixão desde o fim. Considere o jovem apaixonado que jura amor eterno ou o cônjuge infeliz no casamento que promete, no calor do leito, divórcio em breve e núpcias a seguir. Estarão mentindo? Quanto ao cumprimento efetivo do que foi prometido, só o tempo dirá. Mas da integridade da intenção e do valor de verdade da promessa, no momento em que é feita, como duvidar? A lógica paradoxal do jurar apaixonado é flagrada por Shakespeare na peça dentro da peça encenada em Hamlet. À promessa de amor e fidelidade eterna da rainha, o rei, implacável, replica: 

Acredito sim que penses o que dizes agora
Mas aquilo que decidimos, não raro violamos
O propósito não passa de servo da memória
De nascer violento mas fraca validade
E que agora, como fruta verde, à arvore se agarra
Mas quando amadurecida, despenca sem chacoalho
Imprescindível é que nos esqueçamos de nos pagar a nós mesmos o que a nós é devido
Aquilo que a nós mesmos em paixão propomos,
A paixâo cessando, o propósito está perdido.


Auto Engano, de Eduardo Giannetti
Companhia das Letras, 2005

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

rei de açúcar

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o vento mudou, não sopra a favor
no canto dos olhos, a conspiração
é quase a hora sem ter o lugar
pois servos precisam de queda e ascensão

um novo herói irá surgir
e se convencer que será eterno
Quando a chuva cair...
sonhos sinceros de poder

Quando a chuva cair e varrer as certezas de nossas frágeis raízes.

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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O vento vai dizer lento o que virá,



Como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer
E isso, eu vi, o vento leva
Não sei mais, sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer
E isso por quê? Diz mais!

Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem,
Então o que resta é chorar e, talvez,
Se tem que durar, vem renascido o amor bento de lágrimas

Um século, três,
Se as vidas atrás são parte de nós.
E como será?
O vento vai dizer lento o que virá,
E se chover demais, a gente vai saber,
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz só de encontrar


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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Só o Amor com sua Ciência - é como um diamante fino que clareia minha alma serena



Voltar aos 17, depois de viver um século
É como decifrar sinais sem ser sábio competente
Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo
Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus
Isso é o que sinto neste instante fecundo

Meu passo retrocedeu, quando o de vocês avança
O arco das alianças há penetrado em meu ninho
Com todo seu colorido passeou por minhas veias...
até a dura corrente com a qual nos prende o destino
É como um diamante fino que clareia minha alma serena

O que pode o sentimento, não tem conseguido o saber
Nem o mais claro proceder, nem o mais largo dos pensamentos
Tudo o muda num momento qual mago condescendente
Nos afasta docemente de rancores e violências
Só o Amor com sua Ciência nos torna tão inocentes

O Amor é turbilhão de pureza original
Até o feroz animal sussurra seu doce som
Detém os peregrinos, liberta os prisioneiros
O Amor com seus esforços ao velho o torna criança
E ao mau, só o carinho o torna puro e sincero

De par em par, a janela se abriu como por encanto
Entrou o Amor com seu manto como uma morna manhã
Ao som de sua bela chama fez brotar o jasmim
Voando qual Serafim ao céu lhe pôs brincos
Meus anos em dezessete, os converteu o querubim.

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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

palavras de um Rei

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"Custe o tempo que custar, esse dia virá. Nunca, nunca pense em desistir, não! Te aconselho a prosseguir. O Tempo voa, rapaz! Pegue o seu sonho, rapaz! A melhor hora e o momento é você quem faz! Recite poesias e palavras de um Rei. Faça por onde que Eu te ajudarei!"


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sexta-feira, 20 de setembro de 2013



"eu não me sinto adaptado
eu não me ligo nos assuntos
muito menos nas piadas
invento umas desculpas
metrô filho da puta, eu me atrasei, talvez por isso eu nem vá chegar

estou sempre fora dos eixos do mundo
vai ver foi ele que parou de girar."



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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Tesouro perdido de nós



São como veias, serpentes, os rios que trançam o coração do Brasil
Levando a água da vida do fundo da terra ao coração do Brasil
Gente que entende e que fala a língua das plantas, dos bichos
Gente que sabe o caminho das águas da terra e do céu
Vendo o mistério guardado no seio das matas sem fim
Tesouro perdido de nós
Distantes do bem e do mal
Filhos do Pantanal

Lendas de raças, cidades perdidas nas selvas no coração do Brasil
Contam os índios de deuses que descem do espaço ao coração do Brasil
Redescobrindo as Américas quinhentos anos depois
Lutar com unhas e dentes pra termos direito ao depois
Fim do milênio, o resgate da vida, do sonho do bem

A terra é tão verde e azul
Os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão!

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pode ser belo, o feio visto de perto




Pode ser belo, o feio visto de perto
O avesso às vezes dá certo

Vejo só o lusco-fusco
Eu reparo, é o fim do mundo
e o que sei é que eu não sinto mais medo.



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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Contei, estrelas mil no firmamento



"Mas tempo passou
O tempo passou!
E agora eu sei
O que eu passei, cantei

Contei, estrelas mil no firmamento
Vão brilhar, depois apagar irão
Chorei as lágrimas correndo como nos cristais
Fogo dos vitrais pagãos

Não é solidão amar e desejar a vida que não deu as mãos
Mas vai dentro da gente"


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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

obdc

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Aprender
a obedecer
a própria
consciência.

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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

movimento

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Uma certa Paz que vem
não de ter a vida em perfeita Ordem
mas que vem de estar em movimento
com pendências e acertos
mas em movimento.

Manter-se em movimento.


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domingo, 4 de agosto de 2013

meus olhos hoje brilham mais!

Meus olhos hoje brilham mais
O mundo roda e tudo muda num instante
Procure a Luz que pode libertar
Eu vejo, aprendo e sou capaz de transformar o medo em algo irrelevante
Sem grades pra me aprisionar
Sem apegos pra me ancorar

Então dorme, anjo, meu pensamento voa livre, leve, solto

A Natureza sempre traz todas as formas pra se atingir o estado
Os tormentos não vão te alcançar
E nada é mais eficaz que o pensamento positivo amplificado
Sem anseios pra te aprisionar

E se você observar o Mar
Vai ver que a vida é mutante como a cidade
Ninguém pode nos determinar
Perder, ganhar, deixar rolar
Intensidade agora em algo novo
A vida tem que se renovar!

Então dorme, anjo, não vale a pena preocupar-se por tão pouco
O Universo inteiro conspira a nosso favor!

Então dorme, anjo, não vale a pena preocupar-se por tão pouco
O Universo inteiro conspira a nosso favor!


// O Universo a nosso favor

todo poder em mãos

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"Tudo (tudo! [tudo!{tudo!}]) o Homem pode fazer
só depende de querer.
O Homem, querendo, faz!"


// MG


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domingo, 28 de julho de 2013

fim em si.

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"Quando nos encontramos, o tempo não nos satisfaz. 
É algo que podemos chamar de "nosso". 
É quando cada momento se torna um fim e não um meio,
nada mais importa e a meta somos nós."



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quinta-feira, 25 de julho de 2013

perigo é chover e a gente se molhar



vê se não some, não desaparece
me manda notícias, posso precisar falar com você, estar com você
perigo é chover e a gente se molhar
quando você voltar, traga meu coração
que eu quero ter você, que eu vou ficar em paz...


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terça-feira, 23 de julho de 2013

onde moram as coisas belas


"Hoje nasce meu filho, hoje vou me casar
Hoje dentro do espelho vou poder enxergar pais, mães, irmãos, ruas, bairros, cidadelas e o quintal dos corações onde moram as coisas belas

Hoje andarei sobre as flores amarelas do ipê
Cantarei no meu velório, dançarei nos braços da vida
Dormirei com minha ama, vida boa de ser vivida."


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terça-feira, 9 de julho de 2013

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Talvez viver seja financiar-se os próprios sonhos.




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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quem sobra, quer dançar
















Muros de vergonha, documentos seletivos
Mais de uma fronteira de um só lugar
É para a segurança de quem pode pagar
Quem sobra, quer dançar

Mais uma campanha, mais de nosso esforço
Promessas que todos fingem aceitar
Encher de água o que foi cercado
Se não me inclui, ninguém vai festejar

Sua guerra, meu dinheiro
Suas armas, o meu sangue
Sua produção, meus braços
Seu lastro, meu trabalho
Se não dançam todos, não dança ninguém!


TUPAMARU
dead fish

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

jornada dupla


Amar não é suportar tudo. Aguentar qualquer coisa. Não é porque você ama que o amor se faz sozinho. Não é porque você conquistou quem desejava que deve relaxar. Não é porque alcançou a independência financeira que já tem autonomia afetiva.

Quando chega em casa do trabalho, depois de oito horas de incômodo, da chuva de cobranças e prazos, cansado, estressado, faminto, não adianta afundar no sofá, esticar as pernas, esquentar algo e se apagar.

Não terá direito à solidão e ficar em paz. Não terá direito a não conversar. Não terá direito a não ser afetuoso. Não terá direito a assistir televisão sem ninguém por perto.

Se pretende se isolar, não ouse casar, não procure dividir o tempo e o abajur. Quando regressa do serviço, acabou a vida profissional, porém começa a vida pessoal. E do zero.

Sua mulher não tem que tolerar seu desaparecimento, sua anulação, sua desistência pelos corredores. Ela quer senti-lo, entendê-lo, percebê-lo.

A noite é manhã para o amor. Quando retorna da rua, agora é o instante de trabalhar o relacionamento.

Da mesma forma em que seria demitido se ofendesse um colega, não desfruta de espaço para agressão e gritos. É a esfera da delicadeza, das pontas dos dedos no rosto, de emoldurar a confiança.

Controle-se, comporte-se, cuidado com o que diz, não se entregue ao cansaço. Sua esposa nada tem a ver com aquilo que cumpriu à luz do sol. Não conta pontos sua dedicação no escritório. É um novo turno, sem antecedentes, sem pré-história.

É a primeira vez durante o dia que trocará assunto com ela (que seja separando as melhores peripécias). É a primeira vez durante o dia que se dedicará a ouvi-la (que decore a intensidade das palavras). É a primeira vez durante o dia que passará as mãos em seus cabelos (que seja mais generoso do que a escova). É a primeira vez durante o dia que beijará sua boca (que seja com calma da janela). É a primeira vez durante o dia que presta atenção no que ela veste e como se veste (que seja com atenção de alfaiate).

Não há como trapacear. Não há como despistar, postergar para o final de semana. É só você e ela.

Tome guaraná cerebral, emborque litros de café, triture amendoim com os dentes. Mas se mantenha acordado. Não se ganha um casamento empatando. É o período de oferecer atenção integral - ela espera que confirme os motivos para estarem juntos.

Por mais absurdo que soe, assim que pousa sua pasta no chão da residência, inicia o expediente amoroso - todos que amam têm dupla jornada.

É acolher as dúvidas, abraçar demorado, preparar a janta, perguntar sobre os amigos, valorizar os apelidos, deitar próximo, não se distanciar do campo elétrico da pele.

Amar é muito mais grave do que uma profissão. Muito mais complicado. Não tem aposentadoria.

// Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 1 de julho de 2013

"O que envelhece há muito tempo é rumo errado
Está na mão de quem te julga
Vá, tome um gole, mas por isso nunca implore
Dê um jeito, se vire, providencie, se crie
Não fique parado, interfira nos fatos
Preste atenção na sua história
Pense nos seus atos, porque dinheiro nunca foi superioridade
Tanto frango endinheirado infeliz pela cidade
Dinheiro nunca foi superioridade!"

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.


Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro Amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro... Aí é que estou!


// Baruch Spinoza

sábado, 22 de junho de 2013

Vitrines nem sempre convencem



Não fiz pra me entreter
nem sempre eu quero te entender
às vezes penso em deixar de ser
comum e igual aos teus olhos da mesma cor dos meus
Vitrines nem sempre convencem

Todas as vezes que eu tentei
não me fizeram ver
Sempre mais forte do que eu
o que eu faço sem você?

Tentei me esconder
hoje eu preciso te entender
ainda penso em deixar de ser comum pra ter você
mais longe de me entender
hoje eu preciso deixar de ser.


VITRINES
noção de nada

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Manter a cabeça erguida e se perceber campeão



Me dê sua mão, posso te salvar
Por muito tempo acreditar e ser assim
Descomunizar o senso comum e se tornar especial
Manter a cabeça erguida e se perceber campeão

Em nome do privado, estatizarei
O estado agora é o Eu, e isso inclui você!

É tudo muito simples, seja racional
Nossa coerência te dará uma ajuda na salvação
Siga essa linha traçada no chão e veja luz do meu farol
A velha nova alternativa não é circular

É como dois mais dois são quatro
A nova moral, a flecha no seu alvo
A solução final!

Linear, cante a música
Reto é andar! Linear.


LINEAR
dead fish

e o sofrimento se fará valer!



Espero te encontrar bem
E dizer que tínhamos razão
Usarmos isso em nossas vidas
E os erros não serão iguais!

Tentar, tentar, tentar, tentar...
e o sofrimento se fará valer!
Se fará valer!


DIPLOMA
noção de nada
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domingo, 9 de junho de 2013

a razão da vida É



Dois mil anos mais
apenas por termos fechado os olhos algumas vezes
Até quando culpar?
Sublimar o que é ruim
Apontar o dedo assim
Acreditar na redenção

Se o pior está aí,
não posso estar em seu lugar,
certo demais! Puro demais!

Vidas fogem ao controle
com as armas os beijos, carregados de seu pecado,
frágeis, intensos.

Se deleguei o meu poder,
controlar o controlar
toda dor será prazer
E todo orgulho esconderá que me mato em você
A razão da vida é!

E toda dor e todo prazer
e todo sexo e poder
e os discursos feitos pelo bem
Onde errei!?
Quantas vezes vamos desistir?
Quantas vezes omitir?

Culpar por culpa,
curar sem cura.
E se em dois mil anos eu me curar?
E você já não estiver mais aqui.


A CURA
dead fish

firmar

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é preciso força
pra não tombar ao vento das situações
empunhar a espada e alcá-la à determinação
de decidir as próprias sensações
e definir o que afeta, o que altera, o que determina

não sucumbir à mordaça das oscilações
ver esta linha traçada no chão e seguir
inalterado, estável, firme.


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sábado, 8 de junho de 2013

se me ocurren tantas cosas...



Te llamé para vernos, se me ocurren tantas cosas
Empezar por juntarnos para no hacer nada

Te propuse mi casa, nada neutro
Te dije "traé tus pijamas que yo no duermo bien de noche"


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domingo, 26 de maio de 2013

poder dizer um dia "união"



Solidão, caminhar, espero um dia te ver mudar
Essa vida são escolhas sem direção. Nada é linear.
Continuar, sobreviver. Pode ser muito cedo pra entender
Idéias em comum se tornam divisão
Caminhos opostos que se encontram ou não.

Até que um dia amanhecer e você vir a perceber
Até que um dia se levantar
Semelhança e diferença nos fizeram paralisar
E fingimos esquecer o que passou

Não há futuro, não há passado. Tudo que se foi ou o que virá
Só existe um sentimento teu por mim: estagnado, odiar
E não se ver, e não sentir que o fardo em suas costas te impede de existir
Deixar escapar o que é melhor. A chama em teu olho apagou

Até que um dia amanhecer e você finalmente perceber
Até que um dia se levantar
Que nossas semelhanças nos façam caminhar e observar
E que um dia você possa se ver em mim (me ver em ti)

Juntos estar em ação
Poder dizer um dia "união"
No presente, existir... pois a vida é curta e preciso agir


NOITE
dead fish

quinta-feira, 23 de maio de 2013

um brinde a mim



Não há nada em que tropeçar
A duras penas, se erguer
Pronto pra um novo começo
Re-aprender a andar

Sentir perder, e destruir
E caminhar pro que virá

Me desejo força, já que o pior já passou
Ter coragem para dar as mãos

Sentir viver e construir
E aceitar que me fazia mal

E destruí tudo que me oprimia
Precisava refazer os meus conceitos

Sentir viver e construir
E caminhar pro que virá

Apesar de quase duvidar...
Apesar de quase não aceitar...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

em tempo


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o Tempo vejo-o passando aqui bem no meu nariz
parece vento, mas é tempo
corre por dentro de mim
e enlaça-me as pernas
passeia por meu corpo e se sai suave
circula o ambiente, dá uma pirueta
e sai assobiando em som inaudível.



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domingo, 19 de maio de 2013

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Jogar bonito ou ganhar?

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segunda-feira, 13 de maio de 2013



''Eu fecho meus lábios,
Espero por você vir e abri-los.''

~ Rumi

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domingo, 5 de maio de 2013

é tempo de ser sonhador



Azul do céu brilhou
O mês de maio enfim chegou
Olhos vão se abrir pra tanta cor
É mês de maio, a vida tem seu esplendor

Noite nem se firmou, e a Lua cheia já clareou
Sombras podem ir, façam o favor
É mês de maio, é tempo de ser sonhador

Quem não se enamorou no mês de maio, bem que tentou
E quem não tiver ainda amor, dos solitários o mês de maio é o protetor

Boa Terra, velha esfera, que nos leva aonde for
Pro futuro, quem nos dera, que te dessem mais valor

terça-feira, 30 de abril de 2013



Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda em um recipiente sujo. // Pitágoras


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terça-feira, 23 de abril de 2013

Quem entender o que ele diz




Pra você guardei o amor que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar sentir
Sem conseguir provar
Sem entregar e repartir

Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim
Vem visitar, sorrir
Vem colorir solar, vem esquentar e permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio exibe em cada olhar

Guardei sem ter porque, nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei vendo em você
Explicação nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder no fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço do seu lar


PRA VOCÊ GUARDEI O AMOR
nando reis

sábado, 13 de abril de 2013

creditar

"Sem algo em que acreditar,
não posso mais ficar aqui."

quarta-feira, 10 de abril de 2013

suportando


Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar. // Kant

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sexta-feira, 22 de março de 2013

céu estrelado


tem dias que o céu está tão claro, mas tão claro
limpo e azul, que nada se vê, além da imensidão
dias de tranquilidade assustadora
tem dias de imensa seca em meu sertão
e resquícios de um vazio claro e límpido
terra árida e fugaz

hoje, não
hoje o céu está estrelado e cheio de opções de destino
terra fértil pronta pra ser lavrada
sobram caminhos e direções
a bússola gira frenética em diversos sentidos
pululam os sinais
e o melhor: vários indicam sossego.

portas se escancaram
e tenho cuidado para não entrar e querer voltar no depois
observo atento a cada fresta que insiste em se expor
umas, conheço bem
outras, brilham com perfeito ar de exatidão
e há outras, contudo, que são enigmas
obscuras e pairam a mistério

todas promissoras.

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sábado, 2 de março de 2013

just a step for his own belief




"And I agree
That life is hard sometimes
Like a step for his own belief"


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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Despertar os sonhos antes que adormeçam



Deixar-se levar pelos tons
Banhar-se em cores e sons
Seguir o horizonte até que o olhar se perca
Despertar os sonhos antes que adormeçam

Sou levado sou na força da fé
Mudo mundo, tudo mundo
E se não der pé, e se não der pé
Sou guiado e vou com o coração
Solto um grito absurdo
E se Deus quiser, seja o que Deus quiser

Deixar-se levar pelos tons
Banhar-se em cores e sons
Seguir o horizonte até que o olhar se perca
Despertar os sonhos antes que adormeçam
E se a vida vir, der de me derrubar
Vou olhar pra ela, sou mais de encarar
Forte sou, levanto, rumo no meu norte
Ando com anjos, conto com a sorte.

DEIXAR-SE
o círculo

domingo, 17 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


O Tempo segue pro Infinito
E o ponteiro nos pega pelo braço
A tempos o Tempo sopra seu apito
pra ver você esticar seu passo
Então não se passe no Tempo
nem procure um passatempo
pro Tempo poder passar
Meu Tempo eu mesmo faço
e cada vez que dou um passo
O mundo sai do lugar.

// Gutemberg Santana

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

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Amar é ser Deus. // Rumi




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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Água, dona da vida, ouve essa prece tão comovida



Joga no tempo, uma semente.

Terra, olha essa Terra
raça valente, gente sofrida
chama, tem que ter feira, tem que ter festa
vamos pra vida!

te quero Terra pra plantar
te quero verde
te quero casa pra morar, te quero rede
depois da chuva, o Sol da manhã

quero te ver crescer bonita
quero te ver crescer feliz
olha essa Terra, olha essa gente
gente pra ser feliz.

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


O amor só é
lindo quando
encontramos
alguém que nos
transforme no
melhor que
podemos ser.

// Mário Quintana


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domingo, 3 de fevereiro de 2013

sois vós


O que sois o mundo é. // Krishnamurti


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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

mas o amor pode chegar.



Ouvindo a música, sentir o que ela me traz
Subo até as estrelas pra entender como é que se faz
Pra esquecer a dor que os meus olhos não conseguem ver
Destrua o meu coração, que estará destruindo você

Você é filho da Terra, dádiva dada por seu Deus
A fome dos meus filhos não será a riqueza do seus
Chama que destrói, corrói o que é belo, tudo que faz bem
Controle suas palavras, minha liberdade não pertence a ninguém

Mas o amor pode chegar, iluminar e colorir

Quando um coração está cansado de ver
As lágrimas da rosa ao ver o espinho morrer
Mas o Carcará foi dizer à Rosa que a luz dos cristais
Vem da lua nova e do girassol...

Olhe, vá em frente, não se esqueça
Liberdade dentro da cabeça
E a cabeça fora do que há de mal pra você


O CARCARÁ E A ROSA
natiruts