terça-feira, 15 de abril de 2014
quando eu crescer...
Não quero reclamar de orelha a orelha
Notar se quem me avantaja se afasta
Negar o reflexo que deixo em meu espelho
Nem alojar o rancor entre sombrancelha e sombrancelha
Não quero guardar tantos segredos
Nem enfrentar uma imagem grotesca
Não quero na tua idade ficar obsoleto
Nem perder o vigor, nem decidir sem rigor
Nem dizer que todo tempo passado sempre foi melhor
Ou chegar em casa ofuscado e chateado
Não quero estar cansado de ser deixado pra trás...
E mesmo que essa verdade possa doer
Tenho que dizer, sem suavidade
Mas se ofendo, peço perdão
Quando eu crescer, não quero ser como você...
Não quero cometer os teus mesmos erros
Nem crer que todos são interesseiros
Não quero manusear teus mesmos valores
Nem que cada dia seja igual aos anteriores
Não quero não poder controlar minhas raivas
Nem carregar essa tristeza nos olhos
Molhados e vermelhos, murchos e frouxos
Não quero me resignar frente meus sonhos
Nem acusar com veemência a culpa aos demais
Do que é minha incumbência e responsabilidade
Nem que tenha que provar alguma tolice
Do que eu não pude fazer quando tive 23...
Não quero que já nada me dê prazer
Nem que quando a dor me toque evoque um ontem
Nem olhar fotos velhas e começar a chorar
Ou que nomeiem alguém e começar a tremer
Não quero levar essa vida surrada com suspeitas de trapaça
Nem lançar pestes acreditando-me Apolo
Nem que me incomode em uma data estar sozinho.
cuando sea grande
EL CUARTETO DE NOS
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